Hoje a folha é verde e fresca, à espera de que surjas de sobressalto, e me deixe uma frase, ou uma palavra, para que, de alguma forma, eu possa voar à sombra de tuas asas...
26 de novembro de 2014
24 de novembro de 2014
Saí de mansinho, mas sentindo que havia deixado algo por dizer. Ou muito. Era uma paisagem comum, a princípio, não fosse a sensação, estranha, de que ela estava dentro de outra paisagem. A poesia, às vezes, parece me procurar, não para ser verso e voz pelas minhas mãos, mas sempre pelas mãos do outro. Mesmo assim, eu fujo. Desconfio que ela ficou naquela paisagem, escondida entre aquelas folhas, e pedindo para escrever algo que pudesse dignificar tudo aquilo que parecia partir de um esforço poético dele, mas que eu sabia que não era. Fazia parte da natureza. Das folhas. E da paisagem. Silêncio. Aquela tonalidade receberá os voos dos pássaros e todos os pensamentos sem língua, e tudo mais se fará em perfume e espera. E o meu olhar, ainda que sem o registro, dorme folhas maduras à tarde que lentamente se despede do dia.
23 de novembro de 2014
17 de novembro de 2014
Em tempo de quase amor, ou nenhum amor, único foi aquele a quem ela amou. E não por amar pouco, ou feio, mas por tanto amar quem ela amou. Durante o tempo em que havia falta de tempo, enfrentava os dias, sentindo por quem nunca esteve presente, a presença permanente de seu sentimento. Não estava fragilizada. Nem vulnerável. Nem doente. Muito menos carente. Tinha a si mesma. E os dedos férteis de imaginação a escrever cartas de amigo. Nunca recebidas. Colecionava serenidade. E sorrisos. Sentia-se inteira sem a necessidade de ter alguém para chamar de ‘metade’. Não era amarga. O humor a salvava de si mesma. Não estava desocupada. Não havia nenhuma vaga em oferta. Ou lugar de espera. Suportava com paciência o fardo que sabia carregar. Sem sobrepeso. Ou motivo de infelicidade. Sobrevivia à solidão sem pesar. Amava sua própria companhia, e na profissão, canalizava todo o amor que sentia àqueles que precisavam dela. Uma troca justa. E confortante. E era por se sentir tão bem e completa que continuou a amar quem mal sabia de sua existência. Era por sentir-se inteira que continuou a amar quem mais lhe fazia falta, sem ser falta ou ausência. Ou dor. Mas motivação. Não deixou de viver. Vivia amando. Tanta entrega assim, jamais contada, ou imaginada, era só que importava. Uma história em pausa e o amor dentro de todas as coisas. Um amor ímpar. Mas par. Com a alegria. E com a paz.
14 de novembro de 2014
Como dói Doer...
A saudade dói. Dói pela presença da ausência permanente. De quem se foi sem se despedir. Ou de quem ficou sem olhar para trás. Dói porque dói. Dilacera a carne e expõe toda a nossa fragilidade. E fica ali, ou aqui, numa espécie de desavença latente. Você não quer. Luta contra. Mas ela persiste em permanecer... e crescer... e crescer.
Não dá para separar você da dor, ou escolher como se fosse um acessório para ser usado apenas em dias especiais. Ou em dias que, por algum motivo que desconhece, até a natureza parece conspirar contra você. Não faz parte da ficção. Ou da imaginação. Ela existe. E faz parte de você. Entranhada na pele, no seu perfume, lacrimejante nos olhos, nos gestos e no tom da voz.
E então, que um dia você acorda e acredita que não vai conseguir sobreviver à dor de sentir tanta dor... Nesse dia, experimenta a morte de perto. E é nessa hora que você também descobre que é preciso se reinventar e aprender a conviver com a dor. Ou você morre! E entre morrer ou morrer, viver é a única alternativa que resta.
E é nesse instante que você se dá conta de que sua dor ganhou o poder da anestesia. De algum modo descobre alternativas para conviver com ela sem aumentar o poder do sofrimento. Ou da ferida.
E sobrevive. Machucada. Sem se sentir inteira, é verdade. Mas resiste. E resistir, às vezes, é tudo que você precisa para se sentir Viva. E prosseguir.
2 de novembro de 2014
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