23 de dezembro de 2014


Quando somos dominados pelo medo, ou pela solidão, pela saudade na ausência de pessoas que amamos, ou pelo sofrimento, angústia ou problemas que julgamos sem solução, agradecemos a Deus os pequenos gestos que estão presentes na nossa vida. O conforto de uma mão amiga, ou uma demonstração de carinho e solidariedade, um estímulo sutil, ou um abraço carinhoso... às vezes, a dor, através de suas nuances e anomalias, o diferente e a diversidade, o DiVerso, ou a leitura de um Poema, ou muitos, existem por uma causa nobre... para salvar nossas vidas. Pode parecer estranho, mas não deixa de representar uma verdade. A minha verdade!

17 de dezembro de 2014


Umas vezes flor, outras vezes paisagem, muitas vezes sombra... nunca luz num Poema.

13 de dezembro de 2014


Entre mim e você há um des(acordo) ortográfico a ditar as regras. Fingimos que nos atualizamos a cada tentativa frustrada de adaptação e, assim, adiamos o prazo final com os recursos que, no consenso, nos desencontramos.

1 de dezembro de 2014


Com flores à janela e o perfume das letras nas mãos, recebo Dezembro...

26 de novembro de 2014


Hoje a folha é verde e fresca, à espera de que surjas de sobressalto, e me deixe uma frase, ou uma palavra, para que, de alguma forma, eu possa voar à sombra de tuas asas...

24 de novembro de 2014


Saí de mansinho, mas sentindo que havia deixado algo por dizer. Ou muito. Era uma paisagem comum, a princípio, não fosse a sensação, estranha, de que ela estava dentro de outra paisagem. A poesia, às vezes, parece me procurar, não para ser verso e voz pelas minhas mãos, mas sempre pelas mãos do outro. Mesmo assim, eu fujo. Desconfio que ela ficou naquela paisagem, escondida entre aquelas folhas, e pedindo para escrever algo que pudesse dignificar tudo aquilo que parecia partir de um esforço poético dele, mas que eu sabia que não era. Fazia parte da natureza. Das folhas. E da paisagem. Silêncio. Aquela tonalidade receberá os voos dos pássaros e todos os pensamentos sem língua, e tudo mais se fará em perfume e espera. E o meu olhar, ainda que sem o registro, dorme folhas maduras à tarde que lentamente se despede do dia.

23 de novembro de 2014


E as palavras que tocam naquelas páginas são como os cantos dos pássaros... e os versos, distendidos em múltiplas paisagens, constroem imagens como se as manhãs recomeçassem (sempre) nas asas pousadas sobre minhas mãos (na tua pele)...

17 de novembro de 2014


Em tempo de quase amor, ou nenhum amor, único foi aquele a quem ela amou. E não por amar pouco, ou feio, mas por tanto amar quem ela amou. Durante o tempo em que havia falta de tempo, enfrentava os dias, sentindo por quem nunca esteve presente, a presença permanente de seu sentimento. Não estava fragilizada. Nem vulnerável. Nem doente. Muito menos carente. Tinha a si mesma. E os dedos férteis de imaginação a escrever cartas de amigo. Nunca recebidas. Colecionava serenidade. E sorrisos. Sentia-se inteira sem a necessidade de ter alguém para chamar de ‘metade’. Não era amarga. O humor a salvava de si mesma. Não estava desocupada. Não havia nenhuma vaga em oferta. Ou lugar de espera. Suportava com paciência o fardo que sabia carregar. Sem sobrepeso. Ou motivo de infelicidade. Sobrevivia à solidão sem pesar. Amava sua própria companhia, e na profissão, canalizava todo o amor que sentia àqueles que precisavam dela. Uma troca justa. E confortante. E era por se sentir tão bem e completa que continuou a amar quem mal sabia de sua existência. Era por sentir-se inteira que continuou a amar quem mais lhe fazia falta, sem ser falta ou ausência. Ou dor. Mas motivação. Não deixou de viver. Vivia amando. Tanta entrega assim, jamais contada, ou imaginada, era só que importava. Uma história em pausa e o amor dentro de todas as coisas. Um amor ímpar. Mas par. Com a alegria. E com a paz.

Traz nas mãos versos de reconciliação e vogais de tinta azul com sabor de beijo. Neles, tanta vida, tanto sol, tanto mar. E uma presença entorpecida. No corpo, o alívio de uma culpa sem remorso.

14 de novembro de 2014

Como dói Doer...



A saudade dói. Dói pela presença da ausência permanente. De quem se foi sem se despedir. Ou de quem ficou sem olhar para trás. Dói porque dói. Dilacera a carne e expõe toda a nossa fragilidade. E fica ali, ou aqui, numa espécie de desavença latente. Você não quer. Luta contra. Mas ela persiste em permanecer... e crescer... e crescer.

Não dá para separar você da dor, ou escolher como se fosse um acessório para ser usado apenas em dias especiais. Ou em dias que, por algum motivo que desconhece, até a natureza parece conspirar contra você. Não faz parte da ficção. Ou da imaginação. Ela existe. E faz parte de você. Entranhada na pele, no seu perfume, lacrimejante nos olhos, nos gestos e no tom da voz.

E então, que um dia você acorda e acredita que não vai conseguir sobreviver à dor de sentir tanta dor... Nesse dia, experimenta a morte de perto. E é nessa hora que você também descobre que é preciso se reinventar e aprender a conviver com a dor. Ou você morre! E entre morrer ou morrer, viver é a única alternativa que resta.

E é nesse instante que você se dá conta de que sua dor ganhou o poder da anestesia. De algum modo descobre alternativas para conviver com ela sem aumentar o poder do sofrimento. Ou da ferida.

E sobrevive. Machucada. Sem se sentir inteira, é verdade. Mas resiste. E resistir, às vezes, é tudo que você precisa para se sentir Viva. E prosseguir.

E quando dava por mim, já estava sentindo tudo aquilo de novo... a Arte entrando na pele, o corpo ganhando forma... e de repente eu era outra pessoa. Melhor. Maior. Inteira. E tudo isso só porque eu li um poema... o Poema dele.

2 de novembro de 2014


O olhar voltado à terra. Sempre à procura de uma folha. Uma cor diferente. Uma posição estratégica. Um acordo de paz. Mesmo entre pessoas a quem a vida destinou tanta guerra. Sente agora que a felicidade é algo muito íntimo. Como um segredo, confidente apenas em idioma de língua desconhecida.

31 de outubro de 2014


E voei, pela janela de teus olhos, ao encontro do teu abraço...

30 de outubro de 2014


Há vidas que não se sabe por que nasceram, e provavelmente vão morrer sem saber, na eterna escuridão de uma página fechada de um livro na estante. Mero elemento figurativo.

E há outras que nasceram para brilhar. Para serem lidas, consumidas, exploradas, estudadas, aprendidas! Saboreadas e manuseadas. Ouvidas e cantadas. Declamadas!

O mundo não precisa de mais médicos, ou enfermeiros, ou curandeiros, padres ou pastores. Economistas, cientistas, tecnólogos ou embaixadores.

O mundo precisa de escritores que sejam artistas. De homens que tenham na própria vida o maior exemplo de lealdade e dignidade. De homens que escrevam da vida, não uma linda história de amor com um final feliz para uma princesa, um príncipe e seus filhos ricos e lindos, mas que, não desistindo da humanidade e da coletividade, nos ensine a conviver com as diferenças, a enfrentar nossos medos, a brigar por nossos direitos, e que nos provoque a ira e a revolta mediante as injustiças.

E que tenha nos Versos, o perfume da coragem, da humildade, da serenidade e da compaixão. Tudo assim, bem juntinho e misturado com aroma à confiança e admiração. 

Existe um Lugar... Onde um beijo desconhece o sabor a boca...

29 de outubro de 2014


A Poesia responde à perplexidade de uma cultura que se imagina ter chegado ao fim, com uma reformulação completa de questionamentos e dúvidas. E a questão não é onde estamos, mas por que estamos? Nem para onde avançar, mas por que não avançar? Muito menos, qual a melhor resposta, mas quais são as perguntas a se fazer? Nem se resume a realizar um sonho, ou um desejo, nem de sonhar com aquilo que não é possível, mas de perceber que no questionamento, ou na travessia de um comentário, e no movimento que a Poesia estimulou, todos os sonhos também são feitos da mesma substância dos pesadelos.

23 de outubro de 2014


Às vezes, os dias são tão leves, e a brisa, tão perfumada, que tenho a sensação de que caminho segura entre seus braços. E os teus olhos, feito luz, antes tão distantes, como estrelas, parecem descer à terra só para iluminar meus passos. E fica em mim a certeza de que em algum lugar, não muito longe, sua boca chama por meu nome...

18 de outubro de 2014


Insistir na travessia é perseguir a solidão povoada. Como se soubesse o deserto que se vislumbra logo após a primeira curva e as linhas desse pontilhado formadas por nós emaranhados de dúvidas, hipóteses cruéis e hipocrisia. Como se adivinhasse tão egoísta é o silêncio, não a romaria. Nem o ofício. Sempre pronta para partir sem me deixar ir...

15 de outubro de 2014


A decisão já havia sido tomada: seguir o perfume da Primavera e considerar a liberdade como uma verdade impossível de ser adiada. Não mais.

14 de outubro de 2014


Mesmo na ausência da boca é possível ouvir o barulho das letras em atrito. Às vezes só o que me resta desses momentos são linhas pontilhadas sem rumo certo que persistem à tentação dos dias. E ouso a falar da dor que nunca te disse na tua língua de alma sempre nua sem a ilusão de ter os teus braços para me guardar.

13 de outubro de 2014


Ah... Primavera! Devolva-me o perfume das flores frescas...

Jardineira de abecedário, tem nas mãos folhas à espera de um destinatário que detenha o silêncio que a faz escrava. Nenhuma letra nomeia o céu que a faz mais asa, ou palavra de abolição. E morre devagar a cada estação do ano, desenhando-se página em branco numa ortografia apenas imaginada.

12 de outubro de 2014


É amargo o silêncio. E tão frio quanto o chão macio que acolhe, mas ignora o voo cego das folhas perfumadas...

Talvez invisível, mas nunca insensível. A fuga das palavras acreditando ser possível desviar do sentimento.

9 de outubro de 2014


Tanto te sei na alma que te sei decorado. Como um Poema, inteiro, que se traz tatuado na pele. Sem fôlego, murmura no âmago. Ninguém entende a língua ou o idioma. E, entretanto, ressoa à linguagem da Arte.

Destino: Vencer a própria sombra e alcançar a Luz.

3 de outubro de 2014


Como se a paisagem, onde não te alcanço, fosse a pá a lavrar a terra...

27 de setembro de 2014


Só voltei para sepultar o sonho.